Tô solteira

Já é a segunda vez que dói pra caralho escrever essa merda. Aliás mentira: é a primeira. Porque da outra vez eu já não estava nem aí. Eu acho que já estava há tempos solitária e até querendo que acontecesse, mas eu já tinha uma vida toda construída, e foi aquilo que me tirou o chão.

Agora eu tô só perdida e lascada, mesmo. Não tem nada pra ser destruído ou perder, porque nada se fez. Um castelo de sonho e areia, que tantas vezes entrou nos meus olhos, me soterrou, enterrou minha dignidade, e mesmo assim, eu ainda conseguia entender que faz parte de brincar na praia num dia de sol. E foram tantos dias de sol..!

Agora só chuva, trovoada, frio, intolerância. Raiva. Raiva, Raiva, Raiva. Eu nem sei como matar essa raiva. pagar, afogar, diminuir. Me sinto SUICIDA. É isso mesmo. Se pudesse, *puft!*  mandava essa merda toda descarga abaixo. Mas não vou cometer da pior forma o erro que me trouxe até aqui: essa constante atitude de chutar tudo o que me incomoda pra escanteio. De fugir, sumir, me reinventar, depois enterrar tudo, começar de novo, chafurdar na merda e sumir. MINHA própria merda. O inferno é dentro de mim.

Eu sou uma anãzinha inofensiva, atormentada por minha própria porra de cabeça doentia.

Quem se importa.

Bunda com vida própria